quinta-feira, 30 de junho de 2011

MEDO...

RENATA BEIRO (30/06/11)

Eu não te ensinei a me amar
Me querer
O que se passa em meu ser
Por ora agonizante
Perdida em medo gigante
Da dúvida
Que me rói
E corrói?
Terás, em algum momento,
Visto em mim a Mulher?


Mulher que deseja e quer
Muito mais de poder ver
Que deseja um beijo se/quer!
O medo do que possas dizer
Certeza, podes ter
Já me faz desfalecer
Terás algum amor
Guardado só para mim?
A dúvida, o medo, a resposta
Onde cabe, aí, o amor?
Tão bonito se formou
Um dia só não bastou
Aos poucos se consolidou
Em meio a esboços me dou
Me olho!
Medrosa, insegura
Era de se esperar
Menina, Mulher, que figura!
Obscura
Crua
Nua
Na cruz da rua...
.
.

Com a minha permissão...publico PAULO CARVALHO!!!

Publico uma poesia de quem é minha parceria de carteirinha!!! Grande poeta PAULO CARVALHO!
CARVALHO - O ASTRONAUTA PERALTA ® disse...

EM DIREÇÃO AO SOL

Canto aos sonhadores de utopias
Canto aos apreciadores de vinho
Canto aos poetas e suas poesias
Canto a Baco criador das festividades com vinho
Ao cupido e suas flechas de ouro e alegrias
Comem, bebem, se bastam
Exagerados, poucos contidos, amados



Enxergam com outros olhos
Prismas, mandalas, gnomos alados
Sensíveis se machucam
Observam e são observados

Não se importam com
Modas, modos, tato e ignoram os inaptos
Felizes com o que criam com maestria
Essa filha a qual chamam: Poesia
Sabem que após serem criadas
Essa filha não pertence mais aos pais
Cuidamos, acariciamos, transformamos
E de repente: ganham asas e como Ícaro
Tomam o rumo do sol, mesmo que se queimem
O que podemos fazer?
Não nos pertence mais...
Somos só Poetas.


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um colchão...

RENATA BEIRO (29/06/11)


Frio
Muito frio
Mais que frio
Só quem na rua dormiu
Sabe, como eu, qual o brio
De enfrentar o horrendo frio
À noite corpo cansado
Sem ter casa prá dormir

Procuro um lugar coberto
E penso em papelão
Quão bom seria
Como colchão
Iguais aqueles que vejo
Nas majestosas vitrinas
Até hoje não entendo
Mas de antemão agradeço
Jogam fora papelão
A hora já vem chegando
O tempo, esfriando
Dentre furados panos e jornais
Deito-me, não sei se prá nunca mais
Peço a Deus por essa noite
Senhor, não aguento mais...paz...

VENTO!!!


RENATA BEIRO (29/06/11)




Senti um vento passar,
Passar no meu coração
Debelado o vendaval
Um presente me deixou
Aquele que não me ama
Mas problema não tem não
Só quero que nunca esqueças
De quem é meu coração...

terça-feira, 28 de junho de 2011

GURI NORDESTINO...

RENATA BEIRO


Fiz esta poesia para o meu parceiro PAULO CARVALHO, o retrato de sua vida!



Nordestino nasci
O mais novo
De oito irmãos
Já sabia
Ainda guri
Mesmo que sem ouvir
Fora-me dado um fardo
Eu seria o culpado
Do descuidado parto
Que a genitora levou...
Nunca tive mãe ou irmãos
De casa em casa vivi
Amor, carinho, desconheci
Na escola que me coube
Nada de bom aprendi
Cresci
Sozinho, não mais guri
Aí é que entendi
Na parca biblioteca
Um mundo descobri
De tal forma era belo
Sucumbi e revivi
Nas desenhadas palavras
Em poesias, eu vivi
Da vida que não me via
Conheci a alegria
A poetar eu vivia
Sem métrica, nem rica rima
Sem querer maestria, ria
Num poeta me transformei...
Sozinho homem me fiz
Em superação me formei
Até amig@s encontrei
Tirem tudo de mim
Mas a poesia
Por mais que queiram
Esta em mim não tem fim...

domingo, 26 de junho de 2011

SOS Mulher II

RENATA BEIRO




Procura-me uma mulher
Sinto querer a cura
Roxo vejo nos olhos
Quero, desejo ir prá Abrolhos
Ela nada diz
Cala
Anda, criatura, fala
Acanhada vejo que está rasgada
Tanto por dentro, quanto por fora
Chora, de um lancinante choro
Usada e abusada
O agressor
De ser bom marido
Esqueceu
Ela e duas crias
Um guri, uma guria
Foi neles em quem bateu
Palavras envergonhadas
Murmura ela baixinho
A maldade não foi só comigo
Esses dois que comigo abrigo
Já sofreram
Pelas mãos do pai
Incestos e estupros
Quero um salvo conduto
Misturando dever e querer
Aos três vou dar abrigo
O tempo vai correr
Meu aconchego é apoio
Prá dizimada família
Encaminho a infeliz
Há um lugar seguro
Prá onde só as mulheres vão
Persigo, então, o macho
O marido de pouca centelha
Usando o que me ensinou
A Maria
Aquela, da Penha!


sábado, 25 de junho de 2011

DITADURA NUNCA MAIS!






RENATA BEIRO

E

HENRIQUE RUSCITTI













Lutei, não foi em vão
Sou redemocratização
Fui torturado
Vi mortos e enjaulados
Cuspi na cara do militar burguês
Quase sem vida, pisoteei
Meus companheiros
Não entreguei
Já não sentia o corpo
Mas uma voz
A voz de Deus
Fariseu, seja forte como fui eu
A tudo resisti
E entre choques humilhantes
Não estava mais em mim
Mas no socialismo para que vim
Aí que percebi
Ahsverus estava ali
Marcante
Devaneio constante
Viu o que sofri
Tanta maldade e covardia
Só por querer democracia
Sem voz e sem perdão
Já estirado no chão
Com uma arma na mão
O covarde me libertou
Talvez ciente da sanção
De eternamente eu levar
Consciente ou inconsciente
Tudo a que me submeteram
Para as profundezas do subconsciente
Tirania que se faz presente
Ainda hoje, quando me sinto ausente...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

CAMINHOS...

RENATA BEIRO
(24/06/11)





Nas aflições das despedidas
Se um dia eu perecer
Cravados em meu peito
Ficariam os meus amores
Sangria, a minha dor


Lembranças de um passado
Amor crucificado
Tão cedo me deixou
Na estrada da vida caminho
De ti, sempre vou lembrar
Carinhos, parecia amor em ninho
Doces lembranças
Amor crucificado
Em goles homéricos
Tento o tempo acelerar
Para o mesmo não me castigar
Pudesse te trazer de volta
A nenhuma revolução
Daria satisfação
Seríamos novamente juntinhos
Agarradinhos...
Maritacas em tardes de verão
Sei que me esperas
E me quer ver feliz
Quase impossível
Não tenho mais raiz
Eras tão terno
Meu amor eterno
Vagando, espero
Um dia te reencontar...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

ENTREGA...

RENATA BEIRO e PAULO CARVALHO

Tanto amor, tanto fogo se revela

Vontades reprimidas, seus olhos verdes

maldosos, de soslaio, me liberam...

Cedo? Nada...

Estás no certo

És menina, és mulher

Me queres!

Percebo tua vontade...



Calor é o fogo que deve

e vai ser debelado!

De fato e no ato!

"Carinardente" contato...

Te entregas a mim

como gente...

E sente

Num fervente repente...

Eu sou teu homem

Minha mulher...


AO VENTO...

RENATA BEIRO E PAULO CARVALHO




Quisera ser como o vento,
Num determinado momento,
Te encontrar desatenta,
Falar do meu sentimento...
Amigos nós somos
Amantes, seremos?
O que nos revela esse instante
Que pensamento frustrante...
Fala!!!
Quisera eu...
Te transportar pr'outro tempo
Sandices te revelar...
Num sonho, transformar...
Minha “gueixa”, nunca triste...
Te levar prás Filipinas
Banho, nus, ao anoitecer
E absinto, com muito prazer!
Acender velas!
Escorrer...
Por tuas costas
Tomar, te possuir...
a preciocidade de um RUBI...
Ahhh...
Vaguíssimo suspiro...
Luxo, gostoso,
pecaminoso...
Querer, mais e mais, te possuir...
Perder os sentidos, nem te ouvir...
Boca, seios, pernas...ah!
Segurar com força esse dorso
Nos cabelos, enrolar minhas mãos
Te tragar e amar
Qual força de garanhão...!
Já és picante...
És amante!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

FAKE?

RENATA BEIRO e DANIEL B. BENDJOUYA



Não! Eu não queria desse jeito
Que "os amigos do peito" São os que, não tem jeito...
Nada é, realmente, perfeito...
só existem no virtual
vivos lá no portal...
Mouse, House
Alguém clamou VERDADE, REALIDADE!
Eu também!
Toco em carne que é de ninguém!
Quem?
Break
Make
Cake
That's fake?

terça-feira, 21 de junho de 2011

DESPEDIDA...

RENATA BEIRO
(21/06/11)


Dentre a alegria mais pura
De beijos de despedida,
Ria, numa névoa escura,
A mais horrenda figura...
Vem! Vem!
Quase embarquei, por um triz!
A tentadora proposta,
Do homem que me sempre quis...

15 h...
Entro em casa feito miss...
Trim, telefone toca...
Alguma coisa me diz,
Não é notícia feliz...
Foi nada, só um acidente...
Por dentro, uma torrente,
Pálida, vi quem ria...
De mim e de minha cria...
A morte! Esta infeliz,
Levou com ela pra sempre
O homem que eu tanto quis...



AMOR ESCONDIDO!

AMOR ESCONDIDO
Renata Beiro e Paulo Carvalho

Um amor escondido
Que me custa e é arredio
Vive dentro do meu coração
Metade minha
Metade ilusão
Perto dele, sou menina
Mulher e criança, alusão
De mulher...
Apaixonada então.
Amor contido, escondido
Caro e arredio
Fez morada no meu coração, ilusão?
Quem sabe ou não...
Ele me faz criança-menina,
alusão de mulher é o sentimento...
Que tormento, em vão, meu bem...
Meu sentimento é o teu me querer
Iguais!
Somos mais...
Vejo-te no cais...
Menino...
Sentir no "ar"...
Prá quê?
Tu és meu par...
Apaixonados, no mar, no solo, no ar...
Mergulhemos, então,
Nessa louca paixão!
Tensão, prá que mais?
Já sabemos um do outro
Sexo, não é ouro dele
Se fez AMOR
Mesmo que distante...
Tua mão "errante" e bela
escorre por minha pele
num ato de espera,
Rebenta todas as lapelas
Me amas na paz
Do cais...

domingo, 19 de junho de 2011

PRIMEIRA BRIGA!

Imotivadas dúvidas me perseguem,

Ela, a inevitável, vem,

a rusga, primeira rinha...

Mentira que

"Amar é jamais ter que pedir perdão!"



Sou gente! As respostas vem

impulsivas e quentes...

Não me retraio, senão me traio!

Ninguém é perfeito, aposto!

Peço perdão a quem gosto!

Peço perdão a mim, a ti

sem medo, nem tropeço

Qual! Fico com o Johnn,

aquele Lennon

"Amar é pedir perdão(de 15 em 15 min)!"



Renata Beiro

sábado, 18 de junho de 2011

SOS MULHER!!!








Manhã
Meu bem esparramado na cama
Café passado
Vem, está quente!
Ele tem razão
está fervente...
São só dois dentes
Ele tem razão...
À noite, cabaleante
Me toma o corpo cansado
Indecente, me chama
Isso é coisa de vadia!
Meu olho inchado é
só mais uma avaria
Ele tem razão
Manhã
Pego o pão
Café? Não!
Nem o pão!!!!
Mas está quentinho e bom...
O alvoroço
Sinto no dorso
O facão...Não!!!
Mas ele tem razão...
Meu amor, meu coração,
Fala comigo!!!
Sou só um corpo no chão...



Renata Beiro

sexta-feira, 17 de junho de 2011

AMO!


Renata Beiro e Paulo Carvalho

14/06/2011 = 17h39



Eu, crua, nua
Na cruz (da rua)
Quem seduz?
Entrego a alma
e o corpo nu, reluz!
anseio teu mel,
teu leite, tudo!
No exato ato da paixão
Realizado desejo...
Jogo a cabeça no tronco sua
Insaciável, quero mais...
Quando? No carnaval, natal?
qualquer dia tal?
Me entrego, no mais sincero
e afoito dos pensamentos,
Amanhã, no quintal?
Mas nunca, nunca
trivial, carnal
Minha alma é devassa
Meu corpo é proscrito
Te pertenço
Me submeto
Sensual
Faça de mim
Cobiça
Estopim...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

BRASEIRO

Renata Beiro e Paulo Carvalho






Comigo não há
Só existo com ela
Conosco... Será?
Perdida no emaranhado
Em que me deixaste...
Do leito amante
Faço meu jazigo...
E ali fico...
O sangue quente esperando
Enquanto me esvaio em mel e leite...
É amor... Ou estou doente?
Doente de um mal
Que não sei o final
É um querer mais e muito mais
Apressa-te, pois
A fria laje, envolta nas garras perversas
Do ciúme
Corrói meu corpo amiúde!
Seu rosto minhas mãos desencadeiam em mim
Uma sensação de bem estar...
Respiro fundo e tento não me apressar
Nosso beijo dispara nossos corações
Tentamos nos conter
Mas é mais forte o nosso amor
Nosso fogo, nosso calor...
Nada nós contém, somos tesão
Somos ciúme, torpor
Temos química
Alquimia
Eletricidade
Sexualidade
Te levo ao extremo
Me levo ao mais alto ato.
Estamos em efusão
A química que nos atrai
O cheiro
O beijo francês
Que trocamos
Nossos leite e mel
Nunca nos cansaremos
Dentro de você, encontro
Um braseiro
Um desespero.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

DESATO TEUS NÓS!

Renata Beiro e Paulo Carvalho

Paulo, amigo e parceiro na construção dos pensamentos convergentes!


Deslizo meus dedos
Tua carne
Me encanto
É quase um canto!
Inorganicamente
Murmuro
coisas que não penso...
Te ato
Desato
Os nós
Somos nós
Desvarios
O ato
Suave
Crucial
Te amo
Como animal!
Meu corpo furtaste
Segredos guardados, agregados,
Roubados...
Adonou-se do tudo,
Minha mente!
Tens-me, sinceramente...
Até o escondido indecente
Agora "descente" pelos quadris...
Fantasias minhas,
São tuas alegorias...
Me roubaste prá ti...
Freneticamente
Ferozmente
Do ato suave
Torna-se
Forte
Gutural
Seus seios
Suas curvas
Teu
Agora é meu
Usufruímos
Nossos prazeres
Com todo coração
E emoção.

terça-feira, 14 de junho de 2011

UM SÓ SER!























Paulo Carvalho/Renata Beiro
14/06/2011 = 15h40



Tens a pele macia tenra
Pêssego...
O rosto angelical, madrigal
Te quero suavemente, esta noite
Teu canto, teu encanto de sereia
Meus olhos brilham encandeia
Os teus incendeiam
Eu queria de ti, podes crer
A certeza total e absoluta
De me quereres bem...
Eu queria me perder
Na imensidão do firmamento...
Tal qual pássaro que vagueia
Prá encontrar destino...
Cósmica escuridão,
Sendo teus braços e laços,
Jamais voltar, me entregar...
Eu ave, num vôo noturno
Te desfrutar...
Ilícitas delícias...
Te ensinar e me mostrar
Tu és eu, eu sou tu
Somos um!
Um entrelaço de pernas
Cabeças, braços, mãos
No mais "quente" de nós somos UM!
Quero um final feliz
Trôpegos de amar
Trópicos por suar
Intrínsecos
Somos um só
Ser...
Coração e alma
Calmos na relação.

POESIA A QUATRO MÃOS!

Poetar com parceria no computador é o mesmo que tocar piano a quatro mãos! Quase ouço a melodia!!!
Meu parceiro tem sido Paulo Carvalho, grande poeta!


segunda-feira, 13 de junho de 2011

SE PERMITA!


Poesia a quatro mãos: Renata Beiro e Paulo Carvalho



Fiz-me teu
Amei
Permiti
Sorri
Gozei
Acarinhei
Me doei
Quis acertar
Chorei
E...agora?
Esperar
Angustiado
Pelo próximo
Encontro
Carnal
Trivial
Mas, nunca
Banal

FOGO ACESO!





As palavras escorregam do meu cérebro,
Calcando-se suavemente em meus dedos...
Escrevo coisas que não penso, mas que sinto!
Sinto cada toque seu em meu rosto,
E cada beijo seu é mergulhar na escuridão
Que me segura no entremeio do seu abraço...

Seu rosto minhas mãos desencadeiam em mim
Uma sensação de bem estar...
Respiro fundo e tento, não me apressar
Nosso beijo dispara nossos corações
Tentamos nos conter
Mas é mais forte o nosso amor
Nosso fogo, nosso calor...

Ah! Que vontade beijar
aqueles lábios que há pouco beijei
Jogar-me nos braços e abraços
e, num encontro puro e verdadeiro,
entregar-me a ti como gente.
Sentindo no corpo a tua pele nua,
envolvendo-me em sinuosos movimentos
que eu mesma te incito a fazer...
Quero-te como nem imaginas,
Talvez nem mesmo como penso saber...

Arranco com meus destes, suas roupas
Te jogo no chão, faço sexo e não
Amor, nosso sentimento é de fogo
Paixão e coração
Pertos somos pólvora e chama
Fogo incontrolável de paixão.




Poesia a quatro mãos: Renata Beiro e Paulo Carvalho

domingo, 12 de junho de 2011

Depois da bonança...





A calmaria que m'invade a alma
Não é prenúncio de nenhum alento
Eis o ditado que se faz presente
O desconsolo da angústia que me consome

Feito criança, calada e quieta
O turbilhão chegando...
Tempestade se faz assente

Inimiga onipotente
Machucando o mais sensível
Meu eu chora, baixinho, socorro!

Covarde, pisa devagarinho
O que sou, gente
Ente que sente
Carente!!!

Aonde estás que não respondes????






sábado, 11 de junho de 2011

Poesias....






Um poema tem de ser mais,
mesmo com bom sentimento,
que espalhar palavras
ao vento!
Não é simples viver,
escrever ou fazer poesia...
E, mesmo assim, eu quero.
Que ironia...
Uma vida arredia,
sentimentos nascendo,
as palavras morrendo,
Terá ficado tardia
A minha vontade
de POESIA...?


terça-feira, 7 de junho de 2011

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eduardo Tornaghi, querido amigo, esta página é sua!




Mexendo e remexendo em vídeos musicais, encontrei meu amigo cantando com Moreira da Silva, fiz-lhe o presente, postei a pérola em seu mural (rendeu um "pergaminho" de elogios ao ator), ato contínuo Tornaghi me diz ser Moreira o seu mestre, acertei na mosca!
Eduardo dá uma aula sobre o Samba de Breque, versos improvisados, da radicalidade do corte - que chega a parar a melodia, para inserir um discurso, tornando Moreira o ícone de um gênero, completado pela imagem do malandro à antiga.
Ao dizer ao amigo que estava aprendendo - quanta generosidade - responde-me "que só se acorda no outro o que ele já aprendeu por ter vivido, daí o "estalo"!
Tudo recheado de "feeling", "savoir fair e être"!!! Muito bom!



sábado, 4 de junho de 2011

Só Poesia...


Dá-me a Tua Mão

Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

Clarice Lispector

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Assim eu quereria minha última crônica (Fernando Sabino)

Há muitos anos, quando li pela primeira vez esta crônica, chorei, baixinho, disfarçando as lágrimas. Na época, Professora de Língua Portuguesa. Os alunos faziam silenciosamente suas tarefas e eu li, reli, e sempre que volto a este texto, eu...choro,é lindo! RÊ
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A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever.

A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho -- um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.

A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: QUE FOSSE PURA COMO ESSE SORRISO.