sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

ESPERA...


RENATA BEIRO

Espera
Mói
Dói
desESPERA...
Esperei
Um sinal
Apenas um...
Suave
Fosse...
Sozinha
Mirando
O horizonte...
Que rompe
Esperando
Quiçá
Por quem
Não vem...
Mas amor
Pressa
Não tem...
Sempre
Vestido
De encantos
Encontros...
Espera...
Cicatrizes
Serão
Curadas...
Esperar
Mais
Não pode
Ser...
Sentido
Não faz...
Esperar
Na esperança
É o que
Resta...
Nada mais
A fazer...

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

ESTRADA...

RENATA BEIRO

Esquálida
Figura
Insegura
Ria
Percorria
Estrada
Íngreme
Lúgubre
Fria...
Encéfalo
Fálico
Oco
Falido...
*Grão
Feijão
Fujão*
Oh! Rimas
Pobres
Uma figura,
Criatura
Face
Caricata
De si...
Nem sempre
Assim foi...
Viandante
Destino
Incerto
Por certo
É
Seu destino...
E vai
Esvaindo-se
Em sangue...
Tarefa
A cumprir...
Seguindo
Criando
As parcas
Pobres
Rimas...
*Cós
Pós
Nós
Grão
Feijão
Fujão
Tensão
Grão*...
Olhar
Vivo
Seco
Ficou...
Esbugalhados
Olhos
O que restou...

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O MOTIVO DO TEMPO

RENATA BEIRO & OTTON BELLUCCO

O tempo não perdoa,
não devolve nada,
não sente, porra!...
Fora do corpo,
é oco sem alma,
é vácuo sem sentido
à espera das palavras...
É só como metáfora
que o tempo escorre
feito rio de Heráclito,
cujas águas passam
sendo e não sendo nada...
Este tempo não volta atrás...
Quem mente p’ra si mesmo
e subtrai o compasso,
sente logo os percalços
do corpo que lhe contém...

Este tempo não volta, atrai
com clichês, cem lamentos,
com respostas sem questão...
Este tempo não volta, trai
com desculpas, sem perdão...
Este tempo não volta, traz,
sem dádiva, o envelhecimento
não mais como marca do sábio...

Este Moloch dos espíritos,
este agora que devora,
pensa que só ser jovem basta...
E se perde na ignorância
da vida em videoclipes...
Este tempo de indiferença
é feito de medo e ânsia...
É o tempo da pessoa
que vira as costas, sai...
Assim, aqui, o rio foi movido,
por conta de uma metáfora,
p’r’um tempo sem motivo...
E, findo agora, o poema
é onda que solapaa metáfora de tu’alma:
este banco sozinho,
vazio de palavras...

domingo, 25 de agosto de 2013

TEMPO...

RENATA BEIRO

O tempo
Corre
É um rio...
Águas
Que, ora, passam
Não são as mesmas
O tempo
Não volta atrás...
Quem
Ignorante
Mente
Sub
Traí
O compasso
Devolver
Não pode
Não...
Espaço
Inexistente
Resta...
O tempo
Não volta atrás...
Sem lamentos
Sem clichês...
É ato
Sem perdão...
Pois o tempo
Não volta atrás...


(Desconheço autoria da imagem)

sábado, 17 de agosto de 2013

Assim que é...

RENATA BEIRO


No peito

Um coração
Sem jeito...
A dor
Toma
Literal
Mente
Re
Negada
Por quem
Tanto
Amava...
Renegada
Mente...
Medos...?
Quimeras
Eras...
Nada
Temo,
Em necessidade,
Até remo...
Impedida
Não sou...
Peça
De engrenagem
Desvantagem?
Talvez
Não!
Perdendo
O tudo
Que nada
É...
Cuspida
Fui...
Vou sumir...

sábado, 10 de agosto de 2013

OFÉLIA... OH, FENDE!...

RENATA BEIRO e OTTON BELLUCCO

Lago profundo, imundo, mudo,
covarde, estulto é este mundo...
Entes, não gentes, inclementes,
silenciam perante o absurdo
desta legalidade
que nada representa,
além do status quo,
e desconstitui
o que institui
somente em palavras...
Rapina, propina..., repentinas
acham a brecha jurídica...
O senado, o deputado,
vergonhosamente,
legislam p’ra si próprios
e o nosso opróbio...

Queria sorrir por sorrir,
sem penas, do meu jeito...
Queria... namorar
sem ser agredida,
com um soco,
com um olhar,
com palavras...
Queria somente amar,
infringir sem fingir...
Mas vivo e ressinto
esta lágrima daninha
que me torna culpada...
Uma melancolia me inunda,
e me refunda torturada...
Então durmo, sem ter prumo,
neste lago, afogada...

SÓ ISSO...

RENATA BEIRO

Poço
Fundo
Profundo
Profano
Imundo
Mundo
Mudo...
Entes
Não gentes
Imagina
Acredita
A mente...
Repentina
Mente
Verdades
In verdades
Queria...
Sorrir
Por sorrir!
Sem fingir
Infringir
O que imposto
É!
Eis-me aqui
Tanto vi
Vivi
Li
Escrevi...
E viva
Sinto
Ressinto
Choro...
Lágrima
Teimosa
Rola...
Tristeza
Profunda
Inunda...
Poluí
Mente
Consumindo
Dormindo
Desperta...
Amada
Não sei...
Respeito
Exijo!
E, vejam só,
Peço AMOR!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

ARCA...

RENATA BEIRO

Sincera verdade
Insanidade, trás..
Sonhei...
Os mais belos
De todos os sonhos....
Não percebi...
Que as esperanças
São nossas apenas
De mais ninguém...
No sonho insano
Em terras não minhas
Construí....
Bem aí, eu me perdi...
Teci com imenso amor
E tanto carinho
Qual ave ao fazer
O ninho...
Uma arca
Sedenta de nela pôr
A quem tenho
Em maior amor...
Tempestades
Não previ...
Botes e remos
Que erro!!!
Não construí!!!
Vendo somente
Sol e Lua
Num horizonte
Quente...
Feliz, vibrei...
O turbilhão se fez...
Timoneira de primeira mão
Atônita fiquei...
Como errei...
A nau segura
Não se segura mais...
Sucumbiu
Afundou e depositou
Meus amores, sentimentos
Num mar profundo...
Mergulhei fundo,
Incansavelmente procurei...
Busquei,
Não encontrei...
O sonho não era meu...
Na procura
'inda que escura
À exaustão
Fiquei eu...
Arca, nau
Foi em vão
Ouvi meu coração...
As esperas
Nem sempre são
O que se espera...
Afundou!


(Desconheço autoria da imagem!)




terça-feira, 11 de junho de 2013

ECLIPSE

RENATA BEIRO

Eis que
Num instante
O dia
Fez-se noite
A noite
Encobriu o dia
Encontro
De dois amantes...
Lua e Sol
Eclipse total...
Cósmica cópula
Tingida
Em cinza
Pra seu romance
Esconder
Belo encontro
Ao sofrido casal...
Momento fugaz
De ausências
Sentidas...
Tão belo par...
Feliz estava a Lua
Bem assim, o Sol
Também...
Lágrimas
Chorou...
O tempo
Que tinha
A dor...
O Sol
Em raios
Luzia
E a amada
Até breve, dizia...



quarta-feira, 29 de maio de 2013

PUREZA FORÇADA



 RENATA BEIRO e 
OTTON BELLUCCO

As vidas têm muitas vias,
mas são só uma
em cada corpo...
Por que as julgas
o tempo todo?
Por que finges tal denodo
se tu não te importas,
de verdade, com os outros?
Sempre evocas críticas,
cenários burlescos,
mas vazios de ‘eu’
como antigos arabescos.
Tanto fogo
em tua boca,
tanta perfídia
em teu ventre,
mas há sangue
em tua língua,
estranhamente...
O teu coração bombeia
cercado de espinhos,
repleto de areia,
não sangra,
só queima...
Teimas no júri informal
em que te colocas...
Nele sempre serei réu,
a serpente no paraíso,
o engodo carnal,
a anormal, a ‘galinha’,
mas nunca serviçal
de tua inveja ferina,
de tua pureza forçada,
por recalques, marcada...

domingo, 28 de abril de 2013

INSTA...

(RENATA BEIRO)

A urgência
Do verso
Obverso
O revés
Do verso
Reverso
Emergência é!
Ímpeto
Ímpio
Incauta
Sabedoria...
Dos olhos
A trava
Tirada
Humana
Manada
Calca
E dói...
*Entes
Ausentes
De gentes*
Ignorância
Insana
É ânsia!
De graça
O estado
Não é!
De muletas
É o que é!
Ampulhetas
Quero!
Foi o bem
Proscrito
E o vide bula
Prescrito, não!
Lúcidos
Vocábulos
Balançam
Num vai e vem...
Ruídos
Das conchas
São ondas
Verdes
Trespassam
Redes...
Vejo o mar
E nele
A lua
Entrego-me
À embriaguês
Do sal
Em água
Viciada
Doente
Feito freguês...


(arte: INFAMELUDICO/ *alusão a Flavito Sampa)

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Lágrimas...

RENATA BEIRO

Todas essas
Estrelinhas
Que no céu
Estão a brilhar
Não são
Os olhos
Dos anjos
À terra
Querendo mirar...
Todas essas
Estrelinhas
Que no céu
Estão a brilhar
São lágrimas
De bella Luna
Que seu Sol
Amado
Não pode
Olhar...


(Desconheço autoria da imagem/inspiração trazida
de antiga música popular)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Não entendo...

RENATA BEIRO

Não me aposso
Do que não ajuízo...
Não compreendo
O que depreendido não é...
Estranho
Inferir e não deduzir...
Resta-me rir!
Breves instantes
Contida estava
Vi o tosco
Um enrosco...
Vi uma vida
Ó dó!
Imbuída,
Fortuitamente,
Por mentes
Alijadas
Não dizem nada
Mesmice
Oca
Vazia
Cobertos olhos
Em véu
De rudeza e fel...


(Desconheço autoria da imagem)





sábado, 6 de abril de 2013

INSTANTES...

                                       (RENATA BEIRO)

Neste exato instante,
Uma Mulher está sendo espancada
Neste mesmo instante,
Outra, estuprada
Neste momento,
Uma criança, molestada...
Bem agora,
Gente reza a Deus
Outras, a César
Neste exato momento,
Há seres nascendo
Outros, morrendo...
Neste exato momento,
Uma língua glutinosa
Deseja me absorver
Retirar-me
Por simples ganância
Anelo meu,
Esperança...

Arte:  Luis Dourdil

sexta-feira, 29 de março de 2013

MANTO...

                                                      (RENATA BEIRO)

Sacrossanto
Manto
Me cobre
Em espanto
De espanto
Espanto
Tudo
Que santo
Santificado
Seja...
Insana
Talvez
Meu mundo
Por vezes
Mudo
Num vociferar
Silente
Não entende
Nem eu mesma
Compreendo
A santidade
Urgente
No mundo
De tanta gente...


(Escultura by Jorgemiguele©)

terça-feira, 12 de março de 2013

RIO...

RENATA BEIRO

Segue
Sempre
Rio
Curso
Real mente
Sábio
Percorre
Corre...
No mar
Se esvai
Esvazia
Mente...
Inteligente!

(pintura de Claude Monet)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

SECOS OLHOS


RENATA BEIRO

Passam-se umas nas ruas
Outras, comigo...
Quisera poder
Uma lágrima
Verter...
Ressequidos olhos
Não me permitem
Mais sofrer...
Pudera sentir
A dor mais forte
De doer...
Forma ideal
A sofrer...
Sequei
Nem vi...
"Pendentif"
De salgadas gotas
Não me permite
Provar...

MARGARIDA NO ASFALTO


RENATA BEIRO & OTTON BELLUCCO

Em idas e vindas,
vinhas... Vivia ébria
sob a égide do medo,
dos danos, da melancolia...
Eu era flor fustigada
pelo temor da solidão,
pela tua indiferença,
por minha baixa autoestima...
As minhas pétalas
caíam sem proveito...
Minha beleza outonal
desperdiçava-se...,
nada fecundava...
Murchara por dentro
sob tua luz estival...

Vi tuas Marias
Claras, Dianas,
profanas ou não...
Tudo tão exasperante!...
Meus olhos ardiam
pelo pranto eviscerante
do desengano...
Era tormento estar aqui...
Do amor quanta dor!...
Pode ser isso amor?...
Era o medo da solidão
que me tornava presa
de teus enredos...
És terra seca,
agora vejo...

Resolvi gostar de mim;
resolvi não ter medo;
resolvi me achar
nos estilhaços;
refundar a alegria
que joguei fora,
sem perceber...
Sou agora margarida
inflorescente,
não flor melindrosa...
Em cada pétala,
sou flor inteira,
não mais pedaço...
Refaço-me plena outra vez
nas ranhuras de teu asfalto...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

EGO

RENATA BEIRO

Ego
Cego
Egotismo
Subjetivo
Subjugado
À senhora paixão...
Detendora
Do jugo
Submissão...
Redentora
De quem
Por uma
Qualquer razão
Em regozijo
Exclusivo
E pontual
Lamentando,
De fato,
Ver-se-á
Cercead@
No mundo
Imundo
D@s sem razão...
Rasgado véu
Dubiez
De vez
Resta...
Vanidade
Nata
Necedade
Isenta
Da necessidade
De exagerado
Apreço
Que preço tem...
Subjetivismo
Indolente
Egolatria
Presente...
Pragmática
Neoescolástica
Univocidade
Sem lateralidade...
Percepção genial
Metafísica total!
Ilusório
Universo fenomenal...
Ególatras!
Autolátras!
Excede
Ao ser
Apenas auto-ser...
Preferir
Ou diferir
De quem quer
Depende
Apenas...


(CARAVAGGIO - Narciso/Óleo sobre tela - 122 x 92 - 1599
Galleria Nazionale d'Arte Antica, Roma)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

PROCURA...

RENATA BEIRO

Existência
Travada
É vida
Quebrantada...
Paradoxo
Dialético
De ré
É lamiré...
Prostrada
Restei...
Não chorei
Nem lamentei...
Procurei
Da vida
O motivo...
Estranhas
Superfícies
Percorri...
Busquei
Da existência
O mistério...
O tempo
Passar
Não vi...
Alicercei
Meu ser
Em ti...
Aí, bem aí
É que me perdi...
Perdão, pedi...
Da razão
A voz ouvi...
EMOÇÃO!
Lesta seja!
Encontra
Meu amolgado
Coração...


(desconheço autoria da imagem)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CÁ COM MEUS BOTÕES...

RENATA BEIRO

Dia a dia
Sentido
De vida
Construído
É...
Sócrates,
Platão,
Aristóteles,
Descartes...
Filósofos?
Psicólogos?
Sei não...
Virtude
É razão,
A Sócrates
Apolo é missão...
Ora, caro
Platão!
O prazer
Ser sócio
Da dor...
Por favor!!!
Aristotelicamente
Minha mente
SENTE
Emoção
Razão...
Descartei
Descartes
Um erro...
Perdão!
Norteiam
Os tempos
Todos eles
É filosofia!
Coisas
Do dia a dia...
Uma abstração
De vida?
A manifestação
Fiel
Da vida!!!

(desconheço autoria da imagem)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

PAIXÃO!

RENATA BEIRO

Manifestado
Ardor
De ti
Concupiscente...
Torço (ter)
Teu dorso
Viril...
Cobiço,
Sem razões
A atender,
Tu'alma
E corpo...
Escopo
Ah! Seja real
Nada banal...
Sentir
Rijeza
Em desordenado
Ânimo...
Obverso
Reverso...
Céreo
Não és...
Desígnio
Serás?
Inefável
Desejo
De bem-querer...
Ver-te
Não basta
Insaciável
Fome...
Tangível
É o querer
É o que se quer...



(Pintura de Glória Marino)

domingo, 13 de janeiro de 2013

COMO DIANA...

RENATA BEIRO e OTTON BELLUCCO

Estou nua
à luz da Lua,
mas sou perigo,
como Ninfa...
Minha fragilidade
está armada
com arco, flecha
e boa mira...
A Lua Cheia
é minha amiga,
ascende e acende
minhas vísceras...
Diana infinda
sou de mim:
Maldosa, algoz,
aventureira,
alvissareira,
apraz-me
fazer-te
minha presa,
se me ofendes
ou desrespeitas...

Com minha fáretra
torno féretro
a minha mesa;
com minha mágoa
torno alvo,
dilacero o parvo
à espreita,
com os cães
que o cercam...
Não aceito
que me exponhas
a surpresas vãs
que desconcertam...
De minha aljava
farpas saem de vitupérios
contra Ninfas inimigas,
indignas de companhia,
ínfimas de critérios...
Hirtas de inveja,
não se apiedam
de expor os mistérios
que me tornam Deusa...


Arte: Giuseppe Cesari, 1606

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

À DISTÂNCIA DE PALAVRAS...

RENATA BEIRO e OTTON BELLUCCO

Queria-te sem lábias,
sem juras casuais
tiradas de livros...
Queria-te em pele,
em cama celebrada
como pátria única...
Quero que saibas
que estou fatigada!...
Farta dos teus versos,
dos teus dolos,
da clerical túnica
como consolo!...
Tu me injurias
com tuas mentiras,
com tuas promessas
não cumpridas;
se me negas teus lábios;
se apenas me ofertas
jogos de palavras
sem corpo, sem alma...
Então, o que me legas?...
O assombro da inexistência;
a distância que me refrigera;
a inclemente ânsia
que me dilacera
ao perceber
tua verve desalmada,
saturnal, destituída
de amor sincero...
Se amo, é amor e basta!...
O que há num verso?
Não tem braço, pernas,
nem parte alguma
de uma pessoa...
Sê mais que palavras!
Tenha alguma alma
que eu possa ferir
com vitupérios!...
Ai, oco de sentimentos!
És desperdício de pele,
ar, espaço e tempo!...
A ti não mais me consagro
ou apelo por aconchego.
O amor não é expresso
ou suportável
por frases tolas
que aventam lábios
que desconhecem
a perfeição contida
no céu da boca...

Arte: Otton Bellucco

SEM NEGOCIAÇÃO...

RENATA BEIRO e OTTON BELLUCCO

Arde a saudade,
invade-me com seu sal,
afoga em mar
turbulento
o meu olhar...
Ai, rosário!...
Pareço um fado!...
Falta-me um vago
contentamento.
Aquiesço cada vez menos...
E vem...,
vem novamente
o rosário de lágrimas
a rolar, a brotar
de tempos em tempos!...

A vida aponta vias.
Novo horizonte
se anuncia,
a despeito de ti...
Não preciso,
não me inclino
a vãs utopias...
Quero o sonho
sem perfeição,
sem sofrimento,
com pés no chão...
Mas só serei feliz
se for sem raiz,
expatriada de ti,
que em nada condiz.

Claustra de mim sou
neste momento...
Sei de meus defeitos,
mas sempre eu
devo ceder?...
Arde a saudade,
mas não sou bolero...
Se te quero, quero
com dignidade!...
Viver inteira,
não pela metade!...
Suporto a saudade,
mas não o espelho,
se te cedo
mais uma vez...

Mesmo com sede,
recomponho-me
a cada dia...
São dignos dias,
mas descontentes
pela história indigna
do que suportei,
por desejar, ainda,
que fosse de outro jeito...
Sem ataraxia,
vivo o declínio
de mim mesma,
mas não desisto
de tentar o amor,
sem ti, outra vez...

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

POESIA...RESPEITO!

RENATA BEIRO

Mãos
Despertas
Estetas
Expectas...
Incumbência
DeVida
Ao mister
Emotivo...
'Inda que
Peja
Inação...
Seja cume
Ou base,
Aspecto
Polifásico,
Correntes
Percorrem
Em mim...
Criação!
Ó invento
Sem tempo!
DesOcupado
Adro
Templo meu...
A preceito
Poetizar
Tenho feito...
Defeito
Imperfeito
Desfeito
Refeito...
À POESIA
Me rendo
É amor
É RESPEITO!!!

DOAÇÃO POÉTICA...

RENATA BEIRO e OTTON BELLUCCO


Brinco com afinco...
Brinco sem domínio
e trinco a redoma
que nos força
ao suplício
do cotidiano
ao serviço do hábito
que tudo torna
normal,
até serviçal
a consciência
do malquerer;
esquecida
de um simples
‘bem-me-quer’,
do ‘bom dia’,
da gentileza
de ceder a vez...
Assim me fez,
por tanto querer,
ser da poesia
patrão e freguês...
Quis sua quietude,
sua morada...
Nela me embalo,
abalo, desabo
se feliz, se consternada...
Facúndia de mim,
fecunda em mim
doses largas
de palavras
que dão sentido
às angústias
passageiras,
profundas,
profusas,
ligeiras...
Larvas d’ideias
frágeis, impuras,
nascem sem asas,
sem pernas, sem teto,
desnudas...

Mesmo assim,
o mistério do tempo
nos prega peças:
Ideias cavam, cravam,
crescem, exortam, liberam,
expulsam do coração
o sofrimento;
exorcizam, enxotam,
debocham do desdém
das críticas invejosas!...
A poesia ri p’ra mim,
enquanto rio delas;
e me transcende
e me ascende
às alturas
claras e escuras
do contentamento...
Não sou mais refém
do iníquo ditame
das parcas e porcas
verves dos vermes
que me invejam...
Sigo em frente,
mas, entrementes,
a vergonha me invade
de ser da mesma espécie
que desperdiça a vida
ao expelir, entredentes,
a sua peçonha covarde...
Vê, em mim arde
um Sol entre nuvens
nunca carente de Musa.
Minha pena oferta beleza
etérea, terrena... Exulta
ao revés da Lua
que forma minhas marés
e tormentas...
Mesmo se pena
em dores ocultas
e parto difícil,
a poesia se doa
e oferece um abrigo...


Fotografia: Ivam Guarani-Kaiowá Martins