quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O MOTIVO DO TEMPO

RENATA BEIRO & OTTON BELLUCCO

O tempo não perdoa,
não devolve nada,
não sente, porra!...
Fora do corpo,
é oco sem alma,
é vácuo sem sentido
à espera das palavras...
É só como metáfora
que o tempo escorre
feito rio de Heráclito,
cujas águas passam
sendo e não sendo nada...
Este tempo não volta atrás...
Quem mente p’ra si mesmo
e subtrai o compasso,
sente logo os percalços
do corpo que lhe contém...

Este tempo não volta, atrai
com clichês, cem lamentos,
com respostas sem questão...
Este tempo não volta, trai
com desculpas, sem perdão...
Este tempo não volta, traz,
sem dádiva, o envelhecimento
não mais como marca do sábio...

Este Moloch dos espíritos,
este agora que devora,
pensa que só ser jovem basta...
E se perde na ignorância
da vida em videoclipes...
Este tempo de indiferença
é feito de medo e ânsia...
É o tempo da pessoa
que vira as costas, sai...
Assim, aqui, o rio foi movido,
por conta de uma metáfora,
p’r’um tempo sem motivo...
E, findo agora, o poema
é onda que solapaa metáfora de tu’alma:
este banco sozinho,
vazio de palavras...

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