quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

ADMIRAÇÃO...

RENATA BEIRO

Leio
Releio
Versos
Teus...
Fortes
Tocantes
Fincantes...
Versejar
Verdadeiro
Sinto
Até mesmo
Cheiro
De flor
Dor...
Gana
Guerra
De coração
E razão...
Vence
Emoção!
Egoísta
Que sou...
Um elogio
A ti
Infla-me
Pura
Admiração
Ego meu...
Quisera
Fossem
As minhas
Tuas mãos...

CORAÇÃO SE POETIZA

RENATA BEIRO e OTTON BELLUCCO


Aflito, pulsa o coração...
Negociação: Sim e Não
animam seu ritmo.
Espera conflitos
e quer o abrigo
da Musa
contra a Morte
da inspiração...
Pelejam entre si
Musa e Morte...
Querem o coração
que poetiza
no templo
da inspiração,
contemplativo e ativo
no mundo que refunda,
reflui e conflui
os seus desertos
a todo tempo...

Esperemos frutos,
não dejetos,
dos segredos ocultos,
profundos, profusos,
diáfanos, difusos,
anunciados
na consciência,
pulsados
no coração,
desviados,
até então,
das Palavras,
entorpecidas,
confusas, aturdidas
por censuras,
indulgências,
negligências,
tristeza, agruras,
incompreensão...

Talvez pelo parto
ainda enfermo
da inspiração,
a poetisa é abatida,
vez ou outra,
por melancolia...
Implora, então,
pelo diapasão,
por versos,
que não vibram,
a contento,
seu coração...
Soturna, taciturna,
inconsequente,
pactua com a Morte,
abandona a Musa,
que se descuidou,
por um momento,
da vigília poética
dos sentimentos.

Da inspiração
a Morte se avizinha;
torna infeliz a poetisa
cheia de sentimentos
que lhe oprimem;
enquanto a Musa,
negligente da vigília,
deixa sua emoção
queimar, sem forma,
na inconsequência
de seus ímpetos,
na animosidade
consigo mesma,
na animalidade
vazia de Palavras
que contentem,
comentem,
aliviem,
conectem
mente e coração.

Enquanto dorme
a Musa, a Morte
conduz, domina,
amofina e destrói
o ser que poetiza
no fogo da paixão
sem forma,
sem direção,
ao sabor do vento...
Cinzas emergem
da destruição
da verve criativa;
rejeitos do ímpeto
ignorante de Palavras
que condensem cura,
exorcismo p’ra alma,
equilíbrio p’ro excedente,
sentido..., p’ra haver alívio...

Então, acorda, Musa!...
Amola teu cinzel,
afina tua cítara
ajuda a poetisa
contra o Ceifeiro.
Defina a forma
dos sentimentos,
este mar aberto
sempre necessitado
do continente do Verbo.
Que mente e coração
se conectem
novamente,
sofregamente,
no verso nascituro,
saudando a sorte
do novo Verbo,
vencendo a morte
com seu augúrio...

Coração de poetisa
é arte que oscila,
inclina, declina;
é diurno e noturno;
é luz e penumbra;
é pleno e murcha;
machuca a si mesmo
no limite do mundo,
na secura dos desertos,
mas se cura no verso,
num movimento
infindo de Sim e Não,
que só finda e sofisma
com a Morte,
não com a Palavra,
se a Musa não se recusa
em ser, na medida certa,
terrena e etérea,
ímpeto e forma,
abrigo e pulso,
choro e riso,
aurora e crepúsculo...