domingo, 4 de setembro de 2011

NAÇÕES...


RENATA BEIRO
E
PAULO CARVALHO


(03/09/11)


Clamo deuses, deusas
Lua, sol
Raio e trovão
Para na mente ter clareza
Em mãos dormentes
Firmeza...
Todas as proteções
Ao narrar certeiras ações...
Chega-me Alves, o Castro
E dele recebo algo...
Maestria
Ouço do mar
Do mar que não é distante...
"...Dize-o tu, severa Musa
Musa libérrima, audaz!..."
"...Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz..."
"...São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus..."
Colombo quis navegar...
E nesta terra, Brasil
Choros negros
Quem não ouviu?
Os "bons" colonizadores
Por toda parte plantaram
Os negros daquele navio
Até nas áridas terras
Do nordeste do Brasil...
Inda, à parte, uma pátria
Gente da cor do cinza
Indefinidos o são...
Terra firme, resistente
Nem relâmpago é errante...
Paisagem silvestre
Povo descalço
Com pés no chão...
Entendem de desapego
Prática já constante
Oriundos de Masai, Tuaregs
Berberes, Bantos, Soninkés
África de leste a oeste
De sul a norte também...
À força foram trazidos
Acenando às suas nações
Reis, Rainhas
Negros e negras lindas
Que vinda!
Trazendo nas negras barrigas
Fetos de brancos, céus...
Negros de olhos azuis
Brancos de cabelos "tuins"
Bêbedos, náufragos, degregados
Hoje só uma nação...
Nação dos que nada têm
De cabelos ou peles "ruins"
Com imensos corações
Possuem uma coisa ou duas!
Acreditam ser verdade
Que a medida do amor
É amor sem medida...
História perdida
Em sua terra de origem
Materialismo não concebiam
Viam o ser, e se viam
Como eixo da criação
Do africano humanismo
Magicamente impregnado
Por forças vitais
Irmanavam-se às forças
Aquelas que são as cósmicas...
Sem preocupação
Co'a produção
Não preconizavam revolução
Em meio ao seu meio ambiente...
Hoje, sem nada em troca querer
Doam-se em amizades
Cativando laços que medidas não têm...
Andam por trilhas de cabras
Ou de terra mesmo, batida
Por princípios, respeitam
Nem sempre, respeitados...
Amam-se
E são norteados
Por solidariedade
É verdade!
Caminham milhas
Carreiras de formigas...
Além de peso, carregam em suas cabeças
Sonhos e esperanças
Quiçá nunca alcançadas...
Trilham em fila indiana
Dividindo aquilo que têm...
Sua existência passeia
De braços com a elegância
Herança desconhecida
Forma-se ignorância...
E, num amor desmedido,
Esperam na esperança
Talvez esteja perdida...
Atrofiados, desvalidos vão
Resvalando na vida
Acreditando em verdades
Faladas por falsos profetas
Em igrejas que se locupletam...
Políticos que não se manifestam...
Povo bravio, vindo do navio,
Esta vida desconhecem
Creem na indefinível
Fé e esperança...
Que herança!
A situação
De linhas tão desiguais
Dos pensamentos europeus...
Trazidos, submetidos à nova terra
Que prega
História contraditórias
Nas formações estatais
Do mundo ocidental...
Trazem na oralidade
As passadas Histórias
Enquanto usamos a pena
Por falta de boa memória...





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