terça-feira, 27 de novembro de 2012

NEGOCIAÇÃO POÉTICA



RENATA BEIRO e OTTON BELLUCCO


Entrelaçados dedos,
sem medos, nem credos,
ao menos já selam
a nossa união...
Fluido diapasão:
intuição arredia,
razão fria
expressam
o que uma apenas
não contém,
não limita,
não imita:
uma saudade
que nos agita,
se cogita de nós,
sem dó, nem piedade.

A razão convida-nos
à verdade,
mas não supre
a necessidade
que sentimos dos versos...
Ai, responsabilidades
que nos afastam
dos versos!...
Intuição e razão,
duas tiranas
em disputa
pelo domínio
do coração...
Então, palavras,
sedes bem tecidas!...

Enseja o sentido,
ó verbo sem sentido,
sentido...
Razão, ó razão!
Empresta algum
sentido à intuição!
Conténs a amplidão
mal contida
em nosso peito!...
Mas não limite
a promessa
bendita,
mesmo que
mal dita
por versos
sem razão...

Intuição, ó intuição
tenhas modo!...
Não te expandas
tanto, tirana!...
Se és selvática,
nada comunicas
além de grunhidos,
aliterações,
gemidos,
onomatopéias,
sem peias poéticas...

Arte não acorrenta...
Arte acarreta; desafia
no equilíbrio da inversão
a estética volição:
arrefece
a intuição arredia;
aquece
a razão fria;
não se submete
à forma, negocia...
Assim, com razão,
damos asas à emoção,
para aprendermos
com o voo incerto
no corpo etéreo
da paixão!

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