CHUVA...
RENATA BEIRO (15/04/12)
Chuva
Fala
Que
Vem
Diz
Que
Vem
Pra ficar...
Chega
Farta
E cheia
Leva
Tudo
Pra lá...
Tem jazigo
No chão
Árvore
Que
Diz não...
É aqui
"No" Goiás!
Chuva
Deixa
Tudo
Pra trás...
Vai
Embora
Faceira
Levando
Toldos
De feira...
Mentirosa
A tinhosa
Diz
Que
Vem
Pra ficar...
Vai embora
Em seguida...
Pra amanhã
Chover mais...
"Maciosa"
É amorosa...
Pois
Depois
Vem
A seca
E então
Não
Chove mais...
Abra a porta de teu coração
ResponderExcluirAssim bem de mansinho
Me Seduza bem gostoso
Me chame de benzinho
Venha para os meus sonhos
Venha para o meu ninho
E depois derrame-me
Uma chuva de carinhos
Bem gostosinhos.
E quando parar de chover
Teremos um lindo adormecer.
Essa foi boa, Carlos!!!
ExcluirGracias pela visita! Beijo
ode à chuva, do Neruda. Lindo. http://leticiaramoss.blogspot.com.br/2011/09/voltou-chuva.html
Excluirtudo muito bonito por aqui (:
Gracias! Lê é bom te ter por aqui!
ResponderExcluirA minha "odezinha" nem chega perto da obra de Neruda!!!
Ode à chuva (Pablo Neruda)
Voltou a chuva.
Mas não veio do céu
ou do Oeste.
Voltou da minha infância.
A noite abriu-se, um trovão
comoveu-a, o estrondo
varreu as solidões,
e então
chegou a chuva
da minha infância,
primeiro
numa rajada
raivosa, depois
como a cauda
molhada
dum planeta,
a chuva
tic tac mil vezes tic
tac mil
vezes um trenó,
uma vasta pancada
de escuras pétalas
na noite,
subitamente
intensa
crivando
a folhagem
com agulhas,
outras vezes
um manto
tempestuoso
tombando
no silêncio,
a chuva,
mar do céu,
rosa fresca,
nua,
voz celeste,
violino negro,
formosura,
amo-te
desde criança,
não por seres boa,
mas pela tua beleza.
Caminhei
com os sapatos rotos
enquanto os fios
do céu escancarado
se desatavam sobre
a minha cabeça,
traziam-nos
a mim e às raízes,
as mensagens
das alturas,
o húmido oxigénio,
a liberdade do bosque.
Conheço
os teus desmandos,
o buraco
no telhado
gotejando
nos quartos
dos pobres:
ali desmascaras
a tua beleza,
és hostil
como uma
celestial
armadura,
como um punhal de vidro,
transparente,
ali
conheci-te de verdade.
No entanto,
continuei
apaixonado
por ti,
de noite
fechando os olhos
esperei que caísses
sobre o mundo,
esperei que cantasses
somente para o meu ouvido,
porque o meu coração guardava toda
a germinação terrestre
e é nele que se fundem os metais
e o trigo se levanta.
Amar-te, no entanto,
deixou-me na boca
um gosto amargo,
amargo sabor de remorso.
De noite, aqui em Santiago,
somente as povoações
de Nueva Legua
se desmoronaram,
as vivendas
cogumelo,
amontoados
fragmentos de ignomínia,
ao peso da tua cólera
desmantelaram-se,
as crianças
choravam na lama,
as camas encharcadas
dias e dias,
as cadeiras quebradas,
as mulheres,
o lume, as cozinhas,
enquanto tu, negra chuva,
inimiga,
caías desalmadamente
sobre a nossa miséria.
Eu creio
que um dia,
que marcaremos no calendário,
terão abrigo seguro,
sólido tecto,
os homens no seu sono,
todos
os adormecidos,
e quando de noite
a chuva
regressar
da minha infância
cantará nos ouvidos
doutras crianças
e alegre
será o canto
da chuva no mundo,
e trabalhadora,
proletária,
ocupadíssima,
fertilizando montes
e planícies,
dando força aos rios,
engalanando
o suave arroio
perdido na montanha,
trabalhando
no gelo
das nevadas,
correndo sobre o lombo
do gado,
engrandecendo o germe
primaveril do trigo,
lavando as amêndoas
ocultas,
trabalhando
denodadamente
e com delicadeza fugidia,
com mãos e com fios
na preparação da terra.
Chuva
passada,
ó triste
chuva
de Loncoche e Temuco,
canta,
canta,
canta sobre os telhados
e as folhas,
canta no vento frio,
canta em meu coração, na minha confiança,
no meu telhado, em minhas veias,
na minha vida,
eu não te receio,
resvala
para a terra
cantando com o teu canto
e com o meu
porque os dois temos
trabalho nas sementes
e partilhamos
o dever cantando.